Tuesday, January 21, 2014

Vinho tinto Poliphonia, uma obra-prima

Natal inesperado em Angola

Por razões profissionais, tive necessidade imperiosa de me deslocar a Angola, num período nada adequado para o efeito: o Natal.

Baía de Luanda
A minha primeira reação foi negativa, não só pelo afastamento forçado de parte da família, como também pelos inúmeros planos que tinha para passear com amigos e que se esfumaram à medida que ia tendo indicações de que me teria que ausentar de Portugal.

Dou muita importância aos almoços e jantares que regularmente faço com amigos, quase sempre com novidades turísticas, gastronómicas ou vinícolas para experienciarmos em conjunto e a sensação foi de grande perda.

Mas como o que tem que ser, tem muita força, lá viajei até Luanda, de onde estou a escrever este post.

Luanda é uma agradável surpresa

Luanda é uma cidade pujante, em pleno desenvolvimento, povoada por gruas em tão elevado número que será tarefa, quase impossível, contar.

É claro que existem os graves problemas com o trânsito, cujos males são atenuados pela iniciativa dos locais que aproveitam os carros parados para tentarem vender todo o tipo de coisas.

Tudo não, porque não vi ninguém a vender vinho. E se tal acontecesse, o seu consumo não seria decerto recomendável.

Não falta vinho português em Luanda

Como já tinha sido aqui referido pelo JB, existe muito e bom vinho em Luanda.

Nas minhas primeiras incursões pelo Jumbo, Jofrago, Mega, Shoprite, Martal e Maxi, tive oportunidade de verificar que as principais referências portuguesas estão presentes, assim como alguns vinhos da África do Sul, Argentina e Chile.

O problema poderá ser o preço, porque os valores praticados em Angola tornam quase impossível adquirir um vinho a menos do dobro do seu preço em Portugal. 

E conhecidos também não faltam

Angola tornou-se o destino de muitos milhares de portugueses, pelo que não será difícil encontrar-se pessoas amigas que aqui já estão, porque a necessidade de lutar por um futuro melhor, ou os desafios profissionais, trouxeram até estas paragens.

Não esperava, no entanto, tão bom acolhimento.

Vinho Tinto Poliphonia
Os principais lugares turísticos, supermercados e restaurantes foram rapidamente descobertos graças à disponibilidade de amigos, que aqui parecem exceder aquilo a que estamos acostumados no nosso país.

Foi deles que recebi as dicas sobre onde poderia adquirir bom vinho e os produtos necessários para a noite de Natal.

Vinho tinto Poliphonia, para a ceia de Natal

Garantida a normalidade na ementa de Natal, à qual não faltou o tradicional bacalhau, bem regado de azeite português, pois claro, e dos tradicionais doces e bolos, passámos à escolha dos vinhos, que recaiu no tinto Poliphonia Reserva 2010, da Herdade dos Perdigões.

Este vinho, segundo a informação disponibilizada sobre o Poliphonia, é feito a “partir das castas Alicante Bouschet e Syrah e tem maturação em carvalho francês (18 meses em barricas novas de carvalho francês seguido de um ano em garrafa)”.

No entanto, para além de sabermos que se tratava de um excelente vinho, por a versão de 2008 ter sido considerado o melhor vinho tinto do Concurso Mundial de Bruxelas, o que nos levou à sua escolha, na ausência de critérios mais técnicos, foi o saber que o Poliphonia homenageia um anterior proprietário do Monte dos Perdigões, o compositor Luís de Freitas Branco.

Luís de Freitas Branco
Tal como as composições do homenageado, o vinho revelou-se uma obra-prima e nenhum dos presentes “desafinou” na apreciação feita ao Poliphonia, tendo-o considerado um excelente vinho tinto.

Aos meus amigos e leitores do blogue, recomendo vivamente que, se ainda não o fizeram, experimentem o Poliphonia, na certeza de que não se irão arrepender.

À vossa saúde.

VL

Janeiro | 2014

Cuidados a ter com os vinhos da sua garrafeira

Nem todos os vinhos devem ser guardados na garrafeira

O primeiro cuidado que se deve ter, quando se está a comprar vinho para colocar na garrafeira, é verificar como ele deve ser consumido, uma vez que existem vinhos que se encontram prontos a ser consumidos e nada ganham com o estágio em garrafa.

Em termos gerais, os melhores vinhos para guardar são o Cabernet Sauvignon, o Sirah e o Chardonnay, enquanto os vinhos verdes são normalmente desadequados, mas a chave aqui é informar-se sobre cada um em particular.

Dentro dos adequados, que vinhos escolher?

Na constituição da sua garrafeira, é óbvio que o seu gosto e hábitos de consumo devem prevalecer.

Assim, a escolha deverá ser baseada nos vinhos que mais gosta e a quantidade de garrafas a armazenar deverá estar de acordo com a sua previsão de consumo.

Evite variações de temperatura, o calor e a luz solar

A garrafeira deve ser protegida da luz, assim como do calor e das variações de temperatura, devendo esta situar-se, idealmente, entre os 7ºC e os 13ºC.

Se existirem demasiadas variações de temperatura, o vinho pode sair pela rolha, o que indica que esta aqueceu ou que secou em demasia.

A humidade deve ser controlada

A humidade ideal do ar deve situar-se entre os 60% e os 70%, o que poderá ser monitorizado com o apoio de um higrómetro.

Caso a humidade seja muito elevada, poderá usar um aparelho desumidificador ou colocar blocos de cal, junto à garrafeira, uma vez que estes têm a capacidade de absorver a humidade.

Se o problema for a falta de humidade, pode sempre humedecer o chão com a regularidade que considerar adequada.

Cuidado com as melhores garrafas de vinho

Como estratégia, deverá armazenar as suas mais valiosas garrafas de vinho nas zonas mais frescas, que se situam, regra geral, junto ao solo.

A circulação de ar na garrafeira é benéfica

Se o espaço que destinou à garrafeira está situado em local húmido, deve garantir que existe uma boa circulação de ar, para que o cheiro a mofo possa ser minimizado ou mesmo eliminado.

Deve evitar vibrações junto à garrafeira

As vibrações aceleram o processo de envelhecimento, porque aceleram as reacções químicas.

Assim, deve evitar colocar a garrafeira junto a aparelhos eléctricos potenciadores de vibração, como as máquinas de lavar e secar roupa, os aparelhos de ar condicionado ou os geradores.

Resista à tentação de mexer no vinho depois de armazenado

Mesmo que o manuseamento das garrafas que decidiu armazenar lhe possa ser agradável, assim que colocado na garrafeira, o vinho deve ser movido o menos possível.

Para que tal seja possível, terá que fazer um esforço prévio de planificação e organização das garrafas na sua garrafeira.

Consoante o tipo de vinho, guarde as garrafas deitadas, ou de pé

De uma maneira geral, deve-se deitar as garrafas, para que o vinho fique em contacto com a rolha e evite que ela seque.

No entanto, as garrafas de vinho do Porto Tawny, Madeira e de outros vinhos generosos, podem ser guardadas de pé, uma vez que existe a possibilidade de danificarem a rolha, caso estejam em contacto com ela.

Não abra as garrafas cedo de mais, ou demasiado tarde

Poderá não ser uma tarefa fácil, determinar quando o vinho está no ponto ideal para ser consumido.

Mais uma vez deverá estar informado sobre as características do vinho e deve investir na planificação e organização da sua garrafeira, de forma a simplificar a tarefa de identificar o momento ideal para os vinhos serem consumidos.

O maior erro que pode cometer

Um amigo meu costuma dizer que o seu maior problema é poder morrer sem ter bebido todo o vinho que guarda na garrafeira.

Para evitar sentimentos idênticos, aconselho-o a partilhar o seu melhor vinho com amigos e família, o que além de muito compensador, garante que dificilmente morrerá com muitas garrafas de vinho por abrir.

Na minha opinião, caso isso acontecesse, esse seria o maior erro cometido na criação e manutenção da sua garrafeira.

À sua saúde!

VL

Janeiro | 2014